4 – ESTRATÉGIAS DA
ELITE ECONÔMICA PARA TRANSFORMAR
A CLASSE MÉDIA EM
MASSA DE MANOBRA E RETARDAR O
DESENVOLVIMENTO DO PAÍS
DESENVOLVIMENTO DO PAÍS
4.3 – DESCREDIBILIZAR
O BOLSA FAMÍLIA
Atualizado
em 04/11/2014
O Programa Bolsa Família é alvo de frequentes críticas de
vários setores da sociedade. Objetivando formar uma opinião própria, efetuei
pesquisas diversas na Internet, abrangendo os temas Bolsa Família e Programas Assistencialistas.
Ao final, elaborei um resumo das minhas constatações, organizado em sete
tópicos para melhor apresentação das idéias.
1 – Origem e Opiniões Mundiais acerca
dos Programas Assistencialistas
2 – Benefícios Colaterais do Bolsa
Família
3 – Desvantagens do Bolsa Família
= Falácias
4 – A Quem Não Interessa a
Consolidação dos Programas Assistencialistas
5 – Corrupção e Desvios no Bolsa
Família
6 – Renda Básica de Cidadania
7 - Conclusão
1 – Origem e Opiniões Mundiais
acerca dos Programas Assistencialistas
Transcrevo a seguir alguns trechos constantes da wikipedia
sobre o Bolsa Família. Existem outras diversas fontes dissertando sobre o tema,
mas optei por esta por considerá-la isenta de interesses político-partidários.
O endereço é http://pt.wikipedia.org/wiki/Bolsa_Fam%C3%ADlia.
Os dados foram extraídos no início de outubro/2014. É possível que após esta
data tenham sido feitas modificações no conteúdo do site.
“O
idealizador do projeto de ajuda direta aos pobres e miseráveis foi Herbert José
de Souza, o Betinho, sociólogo e importante ativista dos direitos humanos
brasileiro. Os programas de distribuição de renda foram efetivamente
implantados no país no governo de Fernando Henrique Cardoso. O Programa Bolsa
Família é um programa do governo Lula, que consistiu na unificação e ampliação
dos programas sociais então existentes em um único programa social. De acordo
com a Organização Internacional do Trabalho, (OIT) é a mais importante das
políticas sociais do governo brasileiro.”
“Programas
de transferências condicionadas contra a pobreza são políticas sociais
correntemente empregadas em várias partes do mundo para combater e reduzir a
pobreza. A idéia dos programas de transferências condicionadas começou a ganhar
força em 1997, quando só havia três países no mundo com essa experiência: Bangladesh, México e
Brasil. Em 2007 quase todos os países da América
Latina passaram a ter um programa similar, e há interesse de
países africanos como África do Sul,
Quênia e Etiópia.
Existem programas similares na Turquia,
no Camboja,
no Paquistão
e no sul da Ásia. A municipalidade de Nova York inaugurou,
em 2007, um programa de transferência de renda com condicionalidades,
o Opportunity NYC, que se inspira no programa
brasileiro e no programa mexicano. Egito, Indonésia, África do Sul, Gana e outros países
africanos mandaram representantes ao Brasil para conhecer o programa.”
“O
Programa Bolsa Família brasileiro tornou-se " (…)uma das raras
ocasiões em que um país desenvolvido está adotando e aprendendo com
experiências do chamado mundo em desenvolvimento."
2 – Benefícios Colaterais do
Bolsa Família
Em teoria, os benefícios do Bolsa
Família, além do óbvio combate à miséria e à fome, são o atendimento das
condicionalidades previstas em lei:
- na educação, a frequência
escolar;
- na saúde, para as gestantes o
pré-natal e para as crianças menores de sete anos, vacinação e acompanhamento
nutricional e do desenvolvimento, através das unidades de saúde.
Na prática, paralelamente a esses benefícios, o programa vem
apresentando vários outros benefícios colaterais, que a grande mídia não
divulga. Vamos listar alguns deles a seguir.
Na Economia:
Os recursos do Bolsa Família chegam diretamente às mãos dos
necessitados e são imediatamente gastos em alimentos, roupas e outros gêneros
de primeira necessidade. Essa ação, aparentemente sem consequência, gera a
semente de um ciclo econômico regional: mais compras geram mais comércios, que
geram mais produtores, que geram mais industrias, que geram mais trabalho, que
geram mais impostos e assim por diante. O sistema se auto alimenta e vai
ficando cada vez mais forte. Em outras palavras: a injeção de recursos nas
classes mais baixas se projeta em todas as demais classes, favorecendo todas as
atividades. Lógico que esse processo é lento. Mas a semente foi lançada.
No sistema anterior, quando os recursos eram entregues nas
mãos de políticos, a maior parte ia direto para as já gordas contas dos
corruptos. O que chegava aos necessitados eram cestas básicas com componentes
oriundos de outras regiões, não produzindo qualquer impacto na economia local.
Segundo o IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica aplicada,
fundação pública federal, cada R$ 1 adicionado ao Bolsa Família gera
crescimento de R$ 1,78 ao PIB brasileiro.
Na Política:
Ainda que não necessariamente intencional, os programas
assistencialistas têm um viés populista, pois os favorecidos tendem a votar nos
candidatos do partido que os concedeu, com receio de perder os benefícios. Mas
a realidade vem mostrando uma compensação muito relevante. O cadastro no
Programa é feito sem ingerência política. Os recursos são liberados de forma
impessoal, através do Cartão do Cidadão emitido e encaminhado pela Caixa
Econômica Federal. Esse mecanismo quebrou o elo que ligava os necessitados aos
governantes do turno, reduzindo o efeito populista dos programas
assistencialistas, seja a nível municipal, estadual ou federal. Nos rincões
nordestinos, por exemplo, as famílias dos coronéis vêm gradativamente perdendo
poder e influência. Adicionalmente, essas mudanças estão favorecendo o
surgimento de novas lideranças políticas, oriundas de quaisquer regiões e
classes sociais, em princípio mais afinadas com os interesses e necessidades da
população, e que poderão vir a ocupar, no futuro, posições relevantes na
política nacional.
O eventual caráter populista dos programas assistencialistas é
sazonal. Já as vantagens poderão, ao longo do tempo, produzir efeitos positivos
permanentes no cenário político brasileiro.
E não é redundante lembrar mais uma vez que pelo sistema
anterior os desvios de recursos para a corrupção eram muito maiores.
Na Migração - Fixação das pessoas no campo
Pequenos produtores rurais, que vivem basicamente de sua
produção, têm uma vida muito instável. Ficam totalmente à mercê das
intempéries. Nos períodos em que as condições climáticas são muito adversas,
eles acabam por depender de ajuda externa para prover as necessidades básicas
próprias e as de suas famílias. A sistemática anterior, que obrigava essas
pessoas a implorarem por cestas básicas a quem pudessem, era precária e degradante.
Por mais que tivessem raízes, aptidão, experiência e gosto por suas atividades,
essas pessoas em algum momento desistiam dessa vida e partiam para os grandes
centros urbanos. A liberação certa e direta dos recursos do Bolsa Família está
diminuindo o êxodo rural e contribuindo para a redução do aumento descontrolado
da população nos grandes centros urbanos.
No Trabalho Infantil
Pesquisas promovidas pelo Banco Mundial indicam
que houve uma significativa redução na exploração do trabalho infantil, dentre
as crianças beneficiadas pelo Programa Bolsa Família.
Na Educação
Além dos benefícios oriundos
das condicionalidades do Bolsa Família para a Educação, outros programas
assistencialistas que estão trazendo benefícios relevantes à sociedade são o
PROUNE e o FIES, que abrem possibilidades de formação universitária aos
pertencentes das classes sociais menos favorecidas. Além de serem um
investimento direto na educação, esses programas contribuem efetivamente para a
diminuição das desigualdades sociais.
Na Saúde
O combate à fome e o acompanhamento do estado nutricional e do
desenvolvimento das crianças já são parte integrante do Programa. Mas é
relevante enfatizar o quanto a adequada nutrição reduz o surgimento de doenças
físicas e mentais.
Os opositores do Bolsa Família acreditam que esforço e
trabalho colocam os pobres em igualdade de condições com os mais favorecidos. Não
sei se existem estudos a respeito, mas é certo que a má nutrição das crianças
oriundas de famílias muito pobres é mais um fator que as coloca, quando
adultas, em desvantagem em relação ao resto da população.
Mais Benefícios
Nos endereços abaixo mencionados constam artigos que mostram estes
e outros benefícios colaterais do Programa:
Através de programas de busca, podem ser acessadas inúmeras
outras fontes que trazem informações pertinentes sobre os programas
assistencialistas.
3 – Desvantagens do Bolsa
Família = Falácias
Para desinformar e confundir a população, um dos expedientes mais
utilizados pelos opositores do Bolsa Família é a propagação de falácias de
várias espécies.
Falácia, se alguém não sabe, é uma mentira dita com a
utilização de técnicas sutis, que fazem com que os incautos, desinformados,
limitados ou simplesmente distraídos, acreditem irracionalmente no que ouvem,
desprezando sua própria inteligência, capacidade de discernimento e senso
crítico.
Existem muitos tipos de falácia. Uma das mais comuns, usada
comumente na Internet, é a publicação de textos com informações absurdas, ditas
em um tom de indignação que leva muitos leitores a acreditarem instantaneamente
em seu conteúdo. Um típico exemplo é a mensagem sobre o auxílio reclusão
previsto pelo INSS, que traz informações tão distorcidas, que fazem parecer que
o decreto é uma recompensa pelo crime.
Vou listar a seguir sete falácias envolvendo o Bolsa Família.
Falácia um: trata-se de um programa populista, implantando
pelo PT para compra de votos dos pobres.
Mentira. O tópico 1 da presente discorre sobre as origens do
programa. Além dos benefícios decorrentes das condicionalidades, o tópico 2 da
presente destaca benefícios colaterais que o programa vem produzindo, inclusive
no âmbito eleitoral, em contrapartida com o viés eleitoreiro típico dos
programas assistencialistas.
Falácia dois: O Bolsa Família deveria se chamar Bolsa
Esmola.
Esmola era o que se dava antigamente, quando os recursos eram entregues
nas mãos dos políticos regionais, que quase sempre se apropriavam deles e faziam
chegar aos necessitados apenas migalhas, entregues na forma de cestas básicas atreladas
a condicionalidades eleitoreiras. O mecanismo atual vem gerando benefícios
concretos em diversas áreas, que não podem ser desprezados.
Falácia três: Os pobres ficam tendo filhos sem parar,
para poderem receber cada vez mais dinheiro.
Mentira. A lei estipula um limite de cinco benefícios por
família:
Lei no. 10.836 de 09/01/2004 –
Cria o Programa Bolsa Família e dá outras providências
Art. 2º Constituem benefícios
financeiros do Programa, observado o disposto em regulamento:
...
II - o benefício
variável, destinado a unidades familiares que se encontrem em situação de
pobreza e extrema pobreza e que tenham em sua composição gestantes, nutrizes,
crianças entre 0 (zero) e 12 (doze) anos ou adolescentes até 15 (quinze) anos,
sendo pago até o limite de 5 (cinco) benefícios por família; (Redação dada pela Lei nº 12.512, de
2011)
...
O benefício variável é hoje de R$ 35,00 mensais (http://www.mds.gov.br/bolsafamilia/
beneficios). Difícil acreditar que alguma mulher vai engravidar por conta
desse valor. Mulheres que têm filhos sem parar possuem outros tipos de problemas.
Talvez até gerados por deficiências no desenvolvimento físico ou mental, decorrentes
da desnutrição na infância, fator este que vem sendo combatido pelo Bolsa
Família.
Falácia quatro: O certo é ensinar a pescar e não dar o
peixe. Ao invés de dar ajuda em dinheiro, o governo tem que adotar as medidas
necessárias, principalmente na educação, para que os pobres superem a pobreza
por seus próprios méritos.
Só funciona na teoria. Na prática, para implementar políticas
que resultassem na elevação do nível cultural do povo, seria necessário uma
maioria de políticos honestos e competentes. A eleição de uma maioria de
políticos honestos e competentes só acontece em sociedades onde o nível cultural
da população já é alto. Temos ai um circulo vicioso, muito difícil de ser
quebrado. Para romper esse círculo, seria preciso séculos, ou um líder quase
sobrenatural, ou uma revolução similar à francesa ou qualquer outro fator de
baixa probabilidade. Melhor apostar nos programas assistencialistas, que vêm
sendo mundialmente reconhecidos como eficazes no combate à fome e à miséria.
Insistir nessa falácia e se recusar a enxergar os resultados
positivos que os programas assistencialistas vem produzindo na sociedade não é
atitude de quem deseja, sincera e conscientemente, acabar com a miséria no
Brasil.
Falácia cinco: O Bolsa Família desestimula o trabalho e
cria vagabundos.
Mentira. Citamos a seguir trechos extraídos da wikipedia, no
endereço já citado.
“Suas pesquisas (Banco Mundial) indicam que o
benefício não desestimula o trabalho e a ascensão social. Pelo contrário,
afirma Bénédicte de la Brière, responsável pelo programa na instituição: “O
trabalho adulto não é impactado pela transferência de renda. Inclusive, às
vezes, alguns adultos trabalham mais porque têm essa garantia de renda básica
que permite assumir um pouco mais de riscos em suas ocupações.”
“O programa Bolsa Família está longe de ser unanimemente
aceito pela sociedade brasileira. Entre as diversas críticas que recebe no Brasil
está a de que geraria dependência, e desestimularia a busca por emprego[carece de
fontes]. Não é o que pensa o Banco Mundial.
À luz de uma série de investigações no terreno, essa crítica revela ser
amplamente infundada. A quantia média recebida por uma família pobre é três ou
quatro vezes mais reduzida do que o salário mínimo. Portanto, de qualquer maneira,
mais vale descolar um emprego, mesmo que este seja pouco qualificado. Longe de
serem indolentes, as famílias interessadas trabalham, de fato, muito mais do
que as outras”. - Le Monde
Mesmo no seu limite máximo, os recursos do Bolsa Família são
insuficientes para prescindir das vantagens do trabalho. Não podemos subestimar
os pobres e miseráveis, acreditando tratar-se de uma classe de pessoas
indolentes. Tanto quanto os integrantes das outras classes, eles almejam
progresso social e, se tiverem oportunidades, abrirão orgulhosamente mão do
benefício em troca de trabalhos melhor remunerados.
Falácia seis: Hoje em dia está difícil contratar
empregados, porque as pessoas não querem mais trabalhar. Preferem vivem do
bolsa família e de bicos.
Trata-se de uma variação da Falácia Cinco. As pessoas fazem de
casos isolados a regra. Pessoas que dizem que não precisam trabalhar porque
vivem do bolsa família ou outros programas similares, ou possuem algum tipo de
distúrbio psicológico ou mental, ou são simplesmente vagabundos, que sempre vão
encontrar um pretexto para não terem que trabalhar. Existem na mesma proporção
em todas as classes sociais. Aliás, os das classes superiores representam um
peso muito maior para a sociedade, pois têm conhecimentos e contatos que lhes
permitem obter benefícios governamentais bem superiores aos das bolsas
assistencialistas.
Como já dito acima, os integrantes das classes menos
favorecidas certamente abririam mão do benefício em troca de serviços melhor
remunerados. O que ocorre muitas vezes é que trabalhadores que exercem funções
autônomas, como por exemplo diaristas, não se cadastram formalmente como
autônomas e permanecem fazendo jus a benefícios sociais. Se tivessem que optar
entre receber a ajuda assistencialista ou receber por seu trabalho, certamente
ficariam com a segunda opção, pois a primeira não lhes daria condições de sobrevivência
digna. Ao longo do tempo, com a valorização dos serviços que prestam e com a
elevação do nível de desenvolvimento e educação da população do país, essas
pessoas vão perceber que lhes é muito mais vantajoso realizar seu registro
formal como autônomas e abrir mão das ajudas assistencialistas.
Falácia sete: A classe média banca o bolsa-família com
o pagamento dos seus impostos.
Vejamos a estatística do IBGE sobre os rendimentos da
população brasileira:
IBGE - Rendimento Mensal dos
|
||
Trabalhadores Brasileiros em 2010
|
%
|
Acumulado
|
Sem Rendimentos
|
6,6
|
|
Até Meio Salário Mínimo
|
8,1
|
|
Entre Meio e 1 Salário Mínimo
|
24,5
|
|
De 1 a 2 Salários Mínimos
|
32,7
|
71,9
|
De 2 a 3 Salários Mínimos
|
10,6
|
|
De 3 a 5 Salários Mínimos
|
8,3
|
18,9
|
De 5 a 10 Salários Mínimos
|
6,1
|
|
De 10 a 20 Salários Mínimos
|
2,2
|
8,3
|
Mais
de 20 Salários Mínimos
|
0,9
|
0,9
|
Total
|
100
|
100
|
Praticamente dois terços da população brasileira ganha até 2
salários mínimos. É a força de trabalho desta parcela que sustenta todo o
sistema capitalista. Se os impostos das classes mais altas pagam o Bolsa
Família, o trabalho das classes baixas paga o salário das classes superiores e
alimenta a riqueza da elite empresarial. Se houvesse uma melhor distribuição de
renda, não haveria necessidade de bolsas assistencialistas. É importante
destacar que a concentração de renda não está nas mãos das classes intermediárias
e sim nas mãos da elite empresarial, composta por um número tão inexpressivo de
pessoas que, no jargão dos institutos de pesquisa, não pontua. A melhoria na
distribuição de renda não será feita à custa dos salários das classes
intermediárias, mas sim da redução dos lucros extorsivos dessa elite.
4 – A Quem Não Interessa a
Consolidação dos Programas Assistencialistas
Nos países subdesenvolvidos, a
base da pirâmide populacional é constituída por um forte contingente de
miseráveis e desempregados, formado por pessoas que ali estão por
circunstâncias, não por vocação. Essa base impede os integrantes dos
andares superiores da pirâmide de cobrar direitos e pleitear melhores condições
de trabalho, na medida em que estes sabem que se o fizerem serão imediatamente
substituídos por aqueles que se encontram nos andares abaixo, justificadamente
ávidos por alcançar condições de vida minimamente melhores.
Essa situação é muito favorável às grandes empresas nacionais
e multinacionais, pois seus lucros aumentam
exponencialmente em países onde os trabalhadores têm baixos salários e poucos
benefícios. Talvez seja esse um dos principais motivos para as grandes
multinacionais abrirem subsidiárias em países subdesenvolvidos.
Dirão os simpatizantes da Plutocracia que não fosse por isso
as grandes empresas não viriam para o Brasil. Viriam sim, ainda que em ritmo
mais lento. Em seus países de origem o grosso da mão de obra é muito
qualificada para os serviços de que mais necessitam. Além disso, o Brasil é um
mercado consumidor muito grande. O capitalismo vive do consumo e mesmo com a
melhoria das condições de trabalho, o lucro dessas empresas ainda seria suficientemente
vantajoso para se estabelecerem aqui. O problema é a ganância, a maioria desses
empresários tem por meta obter o maior lucro possível, ainda que à custa da
exploração da mão de obra local. Seja como for, mesmo na ausência das grandes
multinacionais, ainda teríamos os empresários brasileiros que, mesmo alijados
da globalização, ainda poderiam produzir o essencial para as necessidades
básicas do nosso povo. Até porque grande parte dos produtos que engrossam o
comércio e sustentam o capitalismo são supérfluos.
A criação, consolidação e ampliação dos programas
assistencialistas, consubstanciados pelo Bolsa Família, aliados ao aumento real
do valor do salário mínimo, vem paulatinamente enfraquecendo a base de pobres e
miseráveis da pirâmide populacional brasileira. Esse rumo não é o desejado pela
maioria da elite empresarial, que tenta então retardar ao máximo possível os
avanços sociais pretendidos pelos governos comprometidos com os interesses das
populações mais carentes.
Um dos estratagemas utilizados para atingir essa finalidade é
a descredibilização dos programas assistencialistas, através da propagação de
falácias. Essas falácias vão sendo subreptíciamente plantadas na cabeça dos
integrantes das classes média e alta, que assim se transformam em massa de
manobra para defesa dos interesses da elite empresarial.
Essas classes intermediárias não percebem que um país
desenvolvido lhes traria vantagens em todos os sentidos. Para citar algumas: a roda
da economia apresentaria um giro maior, a educação elevaria o grau de cidadania
e a violência se reduziria sensivelmente, pois o principal fator de geração de
violência, nos países pouco desenvolvidos, é a explosiva mistura da
desigualdade social com o consumismo de ostentação.
5 – Corrupção e Desvios no
Bolsa Família
A corrupção corrói todos os mecanismos públicos e com o Bolsa
Família não seria diferente. Na página da wikipedia que fala sobre esse
programa são listados diversos casos envolvendo irregularidades no sistema,
alguns que chegam até a ser cômicos, como o caso do sujeito que registrou seu
gato e conseguiu receber o auxílio por sete meses.
Agora, vejamos:
- quase todos conhecem alguém, geralmente da classe média ou
superior, que parece gozar de excelente saúde, mas é aposentado por invalidez.
Nem por isso seria cabível extinguir esse benefício;
- todos conhecemos funcionários públicos que, mesmo não sendo
desonestos, não fazem jus aos seus salários. Nem por isso vamos pleitear
salários baixos para todo o funcionalismo;
- poucos são aqueles que podem dizer de boca cheia que nunca
sonegaram imposto de renda. Nem por isso vamos sugerir que sejam extintas as
deduções previstas em lei.
E esses são apenas alguns exemplos da indevida utilização dos
benefícios que a lei disponibiliza a todos e que alguns usam de forma
corrompida. Diante desse quadro, seria impróprio e injusto punir os
beneficiários desse programa, alegando a existência de irregularidades.
Além disso, temos que registrar mais uma vez que o sistema que
vigorava anteriormente, com os recursos sendo liberados aos políticos para
ajuda pontual aos necessitados, alimentava muito mais a corrupção. Os recursos
liberados iam se desidratando pelo caminho e o que chegava aos necessitados
eram cestas básicas, muitas vezes composta por produtos superfaturados, entregues
aos necessitados com condicionalidades eleitoreiras.
6 – Renda Básica de Cidadania
Textos
extraídos da wikipedia, no endereço
http://pt.wikipedia.org/wiki/Renda_b%C3%A1sica_de_cidadania em outubro/2014:
“Renda Básica de Cidadania no Brasil (no Brasil) ou Rendimento de Cidadania em (Portugal), ou ainda Renda Básica, é uma quantia paga em
dinheiro incondicionalmente a cada cidadão pertencente a uma determinada
região. O valor é distribuído pelo poder público de forma igualitária, não
importando o nível social ou disposição para o trabalho de quem recebe. A
retribuição garante o direito inalienável de todos usufruírem de uma parte das
riquezas produzidas na região.”
“No Brasil, a lei n°
10.835/2004, de autoria do Senador
Eduardo Suplicy, que institui a Renda Básica de Cidadania, foi aprovada
por unanimidade no senado e sancionada pelo então Presidente da República em 8
de janeiro de 2004. De acordo com a lei, a aplicação deve ser feita de forma
gradual começando pelos mais necessitados, com a evolução de programas de
transferência de renda como o Bolsa Família.”
“Os recursos podem ser captados de diversas formas:
através da arrecadação de impostos, taxa sobre concessões de extração de
recursos naturais, pela supressão de outros mecanismos de distribuição de
renda, loterias, entre outros”
“A única experiência de Renda Básica no mundo é a do
estado americano do Alasca. Desde 1982, todos os residentes do Alasca recebem do
governo uma parcela sobre a exploração do petróleo no estado. Hoje, a Renda
Básica de Cidadania é discutida em vários países como Estados Unidos, Países Baixos, África do Sul, Canadá, Portugal,Alemanha, Reino Unido, Argentina, China e Iraque, entre
outros.”
No endereço de onde foram
extraídos os textos acima são listadas diversas vantagens desse mecanismo.
Quando e se a Renda Básica da Cidadania - já aprovada no
Brasil pela lei no. 10.835/2004 de autoria de Eduardo Suplicy - se tornar realidade
para toda a sociedade, as controvérsias e críticas hoje existentes em torno do
Bolsa Família deixarão de fazer sentido.
7 – Conclusão
O Bolsa Família não é a panacéia que vai transformar o Brasil
em um país de primeiro mundo. Mas inegavelmente está contribuindo para a
redução da miséria e da fome, bem como colaborando positivamente para melhoria
da saúde, da educação e da economia do nosso país.
Seus benefícios não são divulgados por razões políticas e
econômicas. Com relação à política, apesar de todos os grandes partidos se
posicionarem favoravelmente à continuidade dos programas assistencialistas,
muitos têm receio de que o conhecimento dos benefícios dos programas
assistencialistas, que favorecem toda a sociedade, pode desequilibrar a balança
em favor de algum partido. Com relação à economia, como já dito em um tópico
anterior, a parcela egoísta e gananciosa da elite econômica não está
interessada em ver o Brasil avançar.
Nenhum desses dois motivos justifica manter a população
brasileira desinformada. A maioria dos brasileiros não são burros. Não vão
votar eternamente em um partido porque foi ele que conseguiu combater a
hiperinflação ou porque foi ele que impulsionou os programas assistencialistas. A política, os partidos e os políticos são dinâmicos: a cada eleição o eleitor
consciente vai pesar diversos fatores e tentar escolher a melhor opção para
aquele momento específico da história do Brasil, segundo seus próprios
critérios pessoais. O que é bom hoje para o Brasil, pode não ser amanhã. E vice-versa. Políticos e partidos não são como times de futebol, que se
escolhe um na infância e se passa o resto da vida torcendo para ele ganhar,
mesmo quando ele for o pior time do campeonato.
Com relação ao Bolsa Família, o que realmente não se pode
incentivar é a continuidade do preconceito pautado exclusivamente na
ignorância. Parte da população brasileira foi de tal forma “blindada” para não enxergar
os fatores positivos dos programas assistencialistas, que repetem as falácias
que os envolvem como se fossem dogmas religiosos. Parecem vítimas de lavagem cerebral. O caráter dogmático de sua
crença faz com que argumentos racionais utilizados para lançar outras luzes
sobre o tema se espatifem contra um “escudo invisível”. Está na hora desses
brasileiros acordarem, se informarem melhor e formarem sua própria opinião,
seja ela positiva ou negativa, baseando-se em fatos concretos e não em dogmas falaciosos.
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