domingo, 19 de outubro de 2014

4 - Estratégias... - 4.3 - Descredibilizar o Bolsa Família

4 – ESTRATÉGIAS DA ELITE ECONÔMICA PARA TRANSFORMAR
A CLASSE MÉDIA EM MASSA DE MANOBRA E RETARDAR O
DESENVOLVIMENTO DO PAÍS
4.3 – DESCREDIBILIZAR O BOLSA FAMÍLIA

Atualizado em 04/11/2014

O Programa Bolsa Família é alvo de frequentes críticas de vários setores da sociedade. Objetivando formar uma opinião própria, efetuei pesquisas diversas na Internet, abrangendo os temas Bolsa Família e Programas Assistencialistas. Ao final, elaborei um resumo das minhas constatações, organizado em sete tópicos para melhor apresentação das idéias.
1 – Origem e Opiniões Mundiais acerca dos Programas Assistencialistas
2 – Benefícios Colaterais do Bolsa Família
3 – Desvantagens do Bolsa Família = Falácias
4 – A Quem Não Interessa a Consolidação dos Programas Assistencialistas
5 – Corrupção e Desvios no Bolsa Família
6 – Renda Básica de Cidadania
7 - Conclusão

1 – Origem e Opiniões Mundiais acerca dos Programas Assistencialistas
Transcrevo a seguir alguns trechos constantes da wikipedia sobre o Bolsa Família. Existem outras diversas fontes dissertando sobre o tema, mas optei por esta por considerá-la isenta de interesses político-partidários.
O endereço é http://pt.wikipedia.org/wiki/Bolsa_Fam%C3%ADlia. Os dados foram extraídos no início de outubro/2014. É possível que após esta data tenham sido feitas modificações no conteúdo do site.
“O idealizador do projeto de ajuda direta aos pobres e miseráveis foi Herbert José de Souza, o Betinho, sociólogo e importante ativista dos direitos humanos brasileiro. Os programas de distribuição de renda foram efetivamente implantados no país no governo de Fernando Henrique Cardoso. O Programa Bolsa Família é um programa do governo Lula, que consistiu na unificação e ampliação dos programas sociais então existentes em um único programa social. De acordo com a Organização Internacional do Trabalho, (OIT) é a mais importante das políticas sociais do governo brasileiro.”
“Programas de transferências condicionadas contra a pobreza são políticas sociais correntemente empregadas em várias partes do mundo para combater e reduzir a pobreza. A idéia dos programas de transferências condicionadas começou a ganhar força em 1997, quando só havia três países no mundo com essa experiência: BangladeshMéxico e Brasil. Em 2007 quase todos os países da América Latina passaram a ter um programa similar, e há interesse de países africanos como África do Sul, Quênia e Etiópia. Existem programas similares na Turquia, no Camboja, no Paquistão e no sul da Ásia. A municipalidade de Nova York inaugurou, em 2007, um programa de transferência de renda com condicionalidades,  o Opportunity NYC, que se inspira no programa brasileiro e no programa mexicano. EgitoIndonésiaÁfrica do SulGana e outros países africanos mandaram representantes ao Brasil para conhecer o programa.”
“O Programa Bolsa Família brasileiro tornou-se " (…)uma das raras ocasiões em que um país desenvolvido está adotando e aprendendo com experiências do chamado mundo em desenvolvimento."

2 – Benefícios Colaterais do Bolsa Família
Em teoria, os benefícios do Bolsa Família, além do óbvio combate à miséria e à fome, são o atendimento das condicionalidades previstas em lei:
- na educação, a frequência escolar;
- na saúde, para as gestantes o pré-natal e para as crianças menores de sete anos, vacinação e acompanhamento nutricional e do desenvolvimento, através das unidades de saúde.
Na prática, paralelamente a esses benefícios, o programa vem apresentando vários outros benefícios colaterais, que a grande mídia não divulga. Vamos listar alguns deles a seguir.
Na Economia:
Os recursos do Bolsa Família chegam diretamente às mãos dos necessitados e são imediatamente gastos em alimentos, roupas e outros gêneros de primeira necessidade. Essa ação, aparentemente sem consequência, gera a semente de um ciclo econômico regional: mais compras geram mais comércios, que geram mais produtores, que geram mais industrias, que geram mais trabalho, que geram mais impostos e assim por diante. O sistema se auto alimenta e vai ficando cada vez mais forte. Em outras palavras: a injeção de recursos nas classes mais baixas se projeta em todas as demais classes, favorecendo todas as atividades. Lógico que esse processo é lento. Mas a semente foi lançada.
No sistema anterior, quando os recursos eram entregues nas mãos de políticos, a maior parte ia direto para as já gordas contas dos corruptos. O que chegava aos necessitados eram cestas básicas com componentes oriundos de outras regiões, não produzindo qualquer impacto na economia local.
Segundo o IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica aplicada, fundação pública federal, cada R$ 1 adicionado ao Bolsa Família gera crescimento de R$ 1,78 ao PIB brasileiro.
Na Política:
Ainda que não necessariamente intencional, os programas assistencialistas têm um viés populista, pois os favorecidos tendem a votar nos candidatos do partido que os concedeu, com receio de perder os benefícios. Mas a realidade vem mostrando uma compensação muito relevante. O cadastro no Programa é feito sem ingerência política. Os recursos são liberados de forma impessoal, através do Cartão do Cidadão emitido e encaminhado pela Caixa Econômica Federal. Esse mecanismo quebrou o elo que ligava os necessitados aos governantes do turno, reduzindo o efeito populista dos programas assistencialistas, seja a nível municipal, estadual ou federal. Nos rincões nordestinos, por exemplo, as famílias dos coronéis vêm gradativamente perdendo poder e influência. Adicionalmente, essas mudanças estão favorecendo o surgimento de novas lideranças políticas, oriundas de quaisquer regiões e classes sociais, em princípio mais afinadas com os interesses e necessidades da população, e que poderão vir a ocupar, no futuro, posições relevantes na política nacional. 
O eventual caráter populista dos programas assistencialistas é sazonal. Já as vantagens poderão, ao longo do tempo, produzir efeitos positivos permanentes no cenário político brasileiro.
E não é redundante lembrar mais uma vez que pelo sistema anterior os desvios de recursos para a corrupção eram muito maiores.
Na Migração - Fixação das pessoas no campo
Pequenos produtores rurais, que vivem basicamente de sua produção, têm uma vida muito instável. Ficam totalmente à mercê das intempéries. Nos períodos em que as condições climáticas são muito adversas, eles acabam por depender de ajuda externa para prover as necessidades básicas próprias e as de suas famílias. A sistemática anterior, que obrigava essas pessoas a implorarem por cestas básicas a quem pudessem, era precária e degradante. Por mais que tivessem raízes, aptidão, experiência e gosto por suas atividades, essas pessoas em algum momento desistiam dessa vida e partiam para os grandes centros urbanos. A liberação certa e direta dos recursos do Bolsa Família está diminuindo o êxodo rural e contribuindo para a redução do aumento descontrolado da população nos grandes centros urbanos.
No Trabalho Infantil
Pesquisas promovidas pelo Banco Mundial indicam que houve uma significativa redução na exploração do trabalho infantil, dentre as crianças beneficiadas pelo Programa Bolsa Família.
Na Educação
Além dos benefícios oriundos das condicionalidades do Bolsa Família para a Educação, outros programas assistencialistas que estão trazendo benefícios relevantes à sociedade são o PROUNE e o FIES, que abrem possibilidades de formação universitária aos pertencentes das classes sociais menos favorecidas. Além de serem um investimento direto na educação, esses programas contribuem efetivamente para a diminuição das desigualdades sociais.
Na Saúde
O combate à fome e o acompanhamento do estado nutricional e do desenvolvimento das crianças já são parte integrante do Programa. Mas é relevante enfatizar o quanto a adequada nutrição reduz o surgimento de doenças físicas e mentais.
Os opositores do Bolsa Família acreditam que esforço e trabalho colocam os pobres em igualdade de condições com os mais favorecidos. Não sei se existem estudos a respeito, mas é certo que a má nutrição das crianças oriundas de famílias muito pobres é mais um fator que as coloca, quando adultas, em desvantagem em relação ao resto da população.
Mais Benefícios
Nos endereços abaixo mencionados constam artigos que mostram estes e outros benefícios colaterais do Programa:
Através de programas de busca, podem ser acessadas inúmeras outras fontes que trazem informações pertinentes sobre os programas assistencialistas. 

3 – Desvantagens do Bolsa Família  =  Falácias
Para desinformar e confundir a população, um dos expedientes mais utilizados pelos opositores do Bolsa Família é a propagação de falácias de várias espécies.  
Falácia, se alguém não sabe, é uma mentira dita com a utilização de técnicas sutis, que fazem com que os incautos, desinformados, limitados ou simplesmente distraídos, acreditem irracionalmente no que ouvem, desprezando sua própria inteligência, capacidade de discernimento e senso crítico.
Existem muitos tipos de falácia. Uma das mais comuns, usada comumente na Internet, é a publicação de textos com informações absurdas, ditas em um tom de indignação que leva muitos leitores a acreditarem instantaneamente em seu conteúdo. Um típico exemplo é a mensagem sobre o auxílio reclusão previsto pelo INSS, que traz informações tão distorcidas, que fazem parecer que o decreto é uma recompensa pelo crime.
Vou listar a seguir sete falácias envolvendo o Bolsa Família.
Falácia um: trata-se de um programa populista, implantando pelo PT para compra de votos dos pobres.
Mentira. O tópico 1 da presente discorre sobre as origens do programa. Além dos benefícios decorrentes das condicionalidades, o tópico 2 da presente destaca benefícios colaterais que o programa vem produzindo, inclusive no âmbito eleitoral, em contrapartida com o viés eleitoreiro típico dos programas assistencialistas.    
Falácia dois: O Bolsa Família deveria se chamar Bolsa Esmola.
Esmola era o que se dava antigamente, quando os recursos eram entregues nas mãos dos políticos regionais, que quase sempre se apropriavam deles e faziam chegar aos necessitados apenas migalhas, entregues na forma de cestas básicas atreladas a condicionalidades eleitoreiras. O mecanismo atual vem gerando benefícios concretos em diversas áreas, que não podem ser desprezados.  
Falácia três: Os pobres ficam tendo filhos sem parar, para poderem receber cada vez mais dinheiro.
Mentira. A lei estipula um limite de cinco benefícios por família:
Lei no. 10.836 de 09/01/2004 – Cria o Programa Bolsa Família e dá outras providências
Art. 2º Constituem benefícios financeiros do Programa, observado o disposto em regulamento:
...
II - o benefício variável, destinado a unidades familiares que se encontrem em situação de pobreza e extrema pobreza e que tenham em sua composição gestantes, nutrizes, crianças entre 0 (zero) e 12 (doze) anos ou adolescentes até 15 (quinze) anos, sendo pago até o limite de 5 (cinco) benefícios por família;   (Redação dada pela Lei nº 12.512, de 2011)
...      
O benefício variável é hoje de R$ 35,00 mensais (http://www.mds.gov.br/bolsafamilia/ beneficios). Difícil acreditar que alguma mulher vai engravidar por conta desse valor. Mulheres que têm filhos sem parar possuem outros tipos de problemas. Talvez até gerados por deficiências no desenvolvimento físico ou mental, decorrentes da desnutrição na infância, fator este que vem sendo combatido pelo Bolsa Família.
Falácia quatro: O certo é ensinar a pescar e não dar o peixe. Ao invés de dar ajuda em dinheiro, o governo tem que adotar as medidas necessárias, principalmente na educação, para que os pobres superem a pobreza por seus próprios méritos.
Só funciona na teoria. Na prática, para implementar políticas que resultassem na elevação do nível cultural do povo, seria necessário uma maioria de políticos honestos e competentes. A eleição de uma maioria de políticos honestos e competentes só acontece em sociedades onde o nível cultural da população já é alto. Temos ai um circulo vicioso, muito difícil de ser quebrado. Para romper esse círculo, seria preciso séculos, ou um líder quase sobrenatural, ou uma revolução similar à francesa ou qualquer outro fator de baixa probabilidade. Melhor apostar nos programas assistencialistas, que vêm sendo mundialmente reconhecidos como eficazes no combate à fome e à miséria.
Insistir nessa falácia e se recusar a enxergar os resultados positivos que os programas assistencialistas vem produzindo na sociedade não é atitude de quem deseja, sincera e conscientemente, acabar com a miséria no Brasil.
Falácia cinco: O Bolsa Família desestimula o trabalho e cria vagabundos.
Mentira. Citamos a seguir trechos extraídos da wikipedia, no endereço já citado.
“Suas pesquisas (Banco Mundial) indicam que o benefício não desestimula o trabalho e a ascensão social. Pelo contrário, afirma Bénédicte de la Brière, responsável pelo programa na instituição: “O trabalho adulto não é impactado pela transferência de renda. Inclusive, às vezes, alguns adultos trabalham mais porque têm essa garantia de renda básica que permite assumir um pouco mais de riscos em suas ocupações.”
“O programa Bolsa Família está longe de ser unanimemente aceito pela sociedade brasileira. Entre as diversas críticas que recebe no Brasil está a de que geraria dependência, e desestimularia a busca por emprego[carece de fontes]. Não é o que pensa o Banco Mundial. À luz de uma série de investigações no terreno, essa crítica revela ser amplamente infundada. A quantia média recebida por uma família pobre é três ou quatro vezes mais reduzida do que o salário mínimo. Portanto, de qualquer maneira, mais vale descolar um emprego, mesmo que este seja pouco qualificado. Longe de serem indolentes, as famílias interessadas trabalham, de fato, muito mais do que as outras”. - Le Monde
Mesmo no seu limite máximo, os recursos do Bolsa Família são insuficientes para prescindir das vantagens do trabalho. Não podemos subestimar os pobres e miseráveis, acreditando tratar-se de uma classe de pessoas indolentes. Tanto quanto os integrantes das outras classes, eles almejam progresso social e, se tiverem oportunidades, abrirão orgulhosamente mão do benefício em troca de trabalhos melhor remunerados.
Falácia seis: Hoje em dia está difícil contratar empregados, porque as pessoas não querem mais trabalhar. Preferem vivem do bolsa família e de bicos.
Trata-se de uma variação da Falácia Cinco. As pessoas fazem de casos isolados a regra. Pessoas que dizem que não precisam trabalhar porque vivem do bolsa família ou outros programas similares, ou possuem algum tipo de distúrbio psicológico ou mental, ou são simplesmente vagabundos, que sempre vão encontrar um pretexto para não terem que trabalhar. Existem na mesma proporção em todas as classes sociais. Aliás, os das classes superiores representam um peso muito maior para a sociedade, pois têm conhecimentos e contatos que lhes permitem obter benefícios governamentais bem superiores aos das bolsas assistencialistas.
Como já dito acima, os integrantes das classes menos favorecidas certamente abririam mão do benefício em troca de serviços melhor remunerados. O que ocorre muitas vezes é que trabalhadores que exercem funções autônomas, como por exemplo diaristas, não se cadastram formalmente como autônomas e permanecem fazendo jus a benefícios sociais. Se tivessem que optar entre receber a ajuda assistencialista ou receber por seu trabalho, certamente ficariam com a segunda opção, pois a primeira não lhes daria condições de sobrevivência digna. Ao longo do tempo, com a valorização dos serviços que prestam e com a elevação do nível de desenvolvimento e educação da população do país, essas pessoas vão perceber que lhes é muito mais vantajoso realizar seu registro formal como autônomas e abrir mão das ajudas assistencialistas.
Falácia sete: A classe média banca o bolsa-família com o pagamento dos seus impostos.
Vejamos a estatística do IBGE sobre os rendimentos da população brasileira:
IBGE - Rendimento Mensal dos


Trabalhadores Brasileiros em 2010
%
Acumulado
Sem Rendimentos
6,6

Até Meio Salário Mínimo
8,1

Entre Meio e 1 Salário Mínimo
24,5

De 1 a 2 Salários Mínimos
32,7
71,9
De 2 a 3 Salários Mínimos
10,6

De 3 a 5 Salários Mínimos
8,3
18,9
De 5 a 10 Salários Mínimos
6,1

De 10 a 20 Salários Mínimos
2,2
8,3
Mais de 20 Salários Mínimos
0,9
0,9
Total
100
100
Praticamente dois terços da população brasileira ganha até 2 salários mínimos. É a força de trabalho desta parcela que sustenta todo o sistema capitalista. Se os impostos das classes mais altas pagam o Bolsa Família, o trabalho das classes baixas paga o salário das classes superiores e alimenta a riqueza da elite empresarial. Se houvesse uma melhor distribuição de renda, não haveria necessidade de bolsas assistencialistas. É importante destacar que a concentração de renda não está nas mãos das classes intermediárias e sim nas mãos da elite empresarial, composta por um número tão inexpressivo de pessoas que, no jargão dos institutos de pesquisa, não pontua. A melhoria na distribuição de renda não será feita à custa dos salários das classes intermediárias, mas sim da redução dos lucros extorsivos dessa elite.

4 – A Quem Não Interessa a Consolidação dos Programas Assistencialistas
Nos países subdesenvolvidos, a base da pirâmide populacional é constituída por um forte contingente de miseráveis e desempregados, formado por pessoas que ali estão por circunstâncias, não por vocação. Essa base impede os integrantes dos andares superiores da pirâmide de cobrar direitos e pleitear melhores condições de trabalho, na medida em que estes sabem que se o fizerem serão imediatamente substituídos por aqueles que se encontram nos andares abaixo, justificadamente ávidos por alcançar condições de vida minimamente melhores.
Essa situação é muito favorável às grandes empresas nacionais e multinacionais, pois seus lucros aumentam exponencialmente em países onde os trabalhadores têm baixos salários e poucos benefícios. Talvez seja esse um dos principais motivos para as grandes multinacionais abrirem subsidiárias em países subdesenvolvidos.
Dirão os simpatizantes da Plutocracia que não fosse por isso as grandes empresas não viriam para o Brasil. Viriam sim, ainda que em ritmo mais lento. Em seus países de origem o grosso da mão de obra é muito qualificada para os serviços de que mais necessitam. Além disso, o Brasil é um mercado consumidor muito grande. O capitalismo vive do consumo e mesmo com a melhoria das condições de trabalho, o lucro dessas empresas ainda seria suficientemente vantajoso para se estabelecerem aqui. O problema é a ganância, a maioria desses empresários tem por meta obter o maior lucro possível, ainda que à custa da exploração da mão de obra local. Seja como for, mesmo na ausência das grandes multinacionais, ainda teríamos os empresários brasileiros que, mesmo alijados da globalização, ainda poderiam produzir o essencial para as necessidades básicas do nosso povo. Até porque grande parte dos produtos que engrossam o comércio e sustentam o capitalismo são supérfluos. 
A criação, consolidação e ampliação dos programas assistencialistas, consubstanciados pelo Bolsa Família, aliados ao aumento real do valor do salário mínimo, vem paulatinamente enfraquecendo a base de pobres e miseráveis da pirâmide populacional brasileira. Esse rumo não é o desejado pela maioria da elite empresarial, que tenta então retardar ao máximo possível os avanços sociais pretendidos pelos governos comprometidos com os interesses das populações mais carentes.
Um dos estratagemas utilizados para atingir essa finalidade é a descredibilização dos programas assistencialistas, através da propagação de falácias. Essas falácias vão sendo subreptíciamente plantadas na cabeça dos integrantes das classes média e alta, que assim se transformam em massa de manobra para defesa dos interesses da elite empresarial.
Essas classes intermediárias não percebem que um país desenvolvido lhes traria vantagens em todos os sentidos. Para citar algumas: a roda da economia apresentaria um giro maior, a educação elevaria o grau de cidadania e a violência se reduziria sensivelmente, pois o principal fator de geração de violência, nos países pouco desenvolvidos, é a explosiva mistura da desigualdade social com o consumismo de ostentação.

5 – Corrupção e Desvios no Bolsa Família
A corrupção corrói todos os mecanismos públicos e com o Bolsa Família não seria diferente. Na página da wikipedia que fala sobre esse programa são listados diversos casos envolvendo irregularidades no sistema, alguns que chegam até a ser cômicos, como o caso do sujeito que registrou seu gato e conseguiu receber o auxílio por sete meses.
Agora, vejamos:
- quase todos conhecem alguém, geralmente da classe média ou superior, que parece gozar de excelente saúde, mas é aposentado por invalidez. Nem por isso seria cabível extinguir esse benefício;
- todos conhecemos funcionários públicos que, mesmo não sendo desonestos, não fazem jus aos seus salários. Nem por isso vamos pleitear salários baixos para todo o funcionalismo;
- poucos são aqueles que podem dizer de boca cheia que nunca sonegaram imposto de renda. Nem por isso vamos sugerir que sejam extintas as deduções previstas em lei.
E esses são apenas alguns exemplos da indevida utilização dos benefícios que a lei disponibiliza a todos e que alguns usam de forma corrompida. Diante desse quadro, seria impróprio e injusto punir os beneficiários desse programa, alegando a existência de irregularidades.
Além disso, temos que registrar mais uma vez que o sistema que vigorava anteriormente, com os recursos sendo liberados aos políticos para ajuda pontual aos necessitados, alimentava muito mais a corrupção. Os recursos liberados iam se desidratando pelo caminho e o que chegava aos necessitados eram cestas básicas, muitas vezes composta por produtos superfaturados, entregues aos necessitados com condicionalidades eleitoreiras.     

6 – Renda Básica de Cidadania
Textos extraídos da wikipedia, no endereço
“Renda Básica de Cidadania no Brasil (no Brasil) ou Rendimento de Cidadania em (Portugal), ou ainda Renda Básica, é uma quantia paga em dinheiro incondicionalmente a cada cidadão pertencente a uma determinada região. O valor é distribuído pelo poder público de forma igualitária, não importando o nível social ou disposição para o trabalho de quem recebe. A retribuição garante o direito inalienável de todos usufruírem de uma parte das riquezas produzidas na região.”
“No Brasil, a lei n° 10.835/2004, de autoria do Senador Eduardo Suplicy, que institui a Renda Básica de Cidadania, foi aprovada por unanimidade no senado e sancionada pelo então Presidente da República em 8 de janeiro de 2004. De acordo com a lei, a aplicação deve ser feita de forma gradual começando pelos mais necessitados, com a evolução de programas de transferência de renda como o Bolsa Família.”
“Os recursos podem ser captados de diversas formas: através da arrecadação de impostos, taxa sobre concessões de extração de recursos naturais, pela supressão de outros mecanismos de distribuição de renda, loterias, entre outros”
“A única experiência de Renda Básica no mundo é a do estado americano do Alasca. Desde 1982, todos os residentes do Alasca recebem do governo uma parcela sobre a exploração do petróleo no estado. Hoje, a Renda Básica de Cidadania é discutida em vários países como Estados Unidos, Países Baixos, África do Sul, Canadá, Portugal,Alemanha, Reino Unido, Argentina, China e Iraque, entre outros.”
No endereço de onde foram extraídos os textos acima são listadas diversas vantagens desse mecanismo.
Quando e se a Renda Básica da Cidadania - já aprovada no Brasil pela lei no. 10.835/2004 de autoria de Eduardo Suplicy - se tornar realidade para toda a sociedade, as controvérsias e críticas hoje existentes em torno do Bolsa Família deixarão de fazer sentido.

7 – Conclusão
O Bolsa Família não é a panacéia que vai transformar o Brasil em um país de primeiro mundo. Mas inegavelmente está contribuindo para a redução da miséria e da fome, bem como colaborando positivamente para melhoria da saúde, da educação e da economia do nosso país.
Seus benefícios não são divulgados por razões políticas e econômicas. Com relação à política, apesar de todos os grandes partidos se posicionarem favoravelmente à continuidade dos programas assistencialistas, muitos têm receio de que o conhecimento dos benefícios dos programas assistencialistas, que favorecem toda a sociedade, pode desequilibrar a balança em favor de algum partido. Com relação à economia, como já dito em um tópico anterior, a parcela egoísta e gananciosa da elite econômica não está interessada em ver o Brasil avançar.
Nenhum desses dois motivos justifica manter a população brasileira desinformada. A maioria dos brasileiros não são burros. Não vão votar eternamente em um partido porque foi ele que conseguiu combater a hiperinflação ou porque foi ele que impulsionou os programas assistencialistas. A política, os partidos e os políticos são dinâmicos: a cada eleição o eleitor consciente vai pesar diversos fatores e tentar escolher a melhor opção para aquele momento específico da história do Brasil, segundo seus próprios critérios pessoais. O que é bom hoje para o Brasil, pode não ser amanhã. E vice-versa. Políticos e partidos não são como times de futebol, que se escolhe um na infância e se passa o resto da vida torcendo para ele ganhar, mesmo quando ele for o pior time do campeonato.
Com relação ao Bolsa Família, o que realmente não se pode incentivar é a continuidade do preconceito pautado exclusivamente na ignorância. Parte da população brasileira foi de tal forma “blindada” para não enxergar os fatores positivos dos programas assistencialistas, que repetem as falácias que os envolvem como se fossem dogmas religiosos. Parecem vítimas de lavagem cerebral. O caráter dogmático de sua crença faz com que argumentos racionais utilizados para lançar outras luzes sobre o tema se espatifem contra um “escudo invisível”. Está na hora desses brasileiros acordarem, se informarem melhor e formarem sua própria opinião, seja ela positiva ou negativa, baseando-se em fatos concretos e não em dogmas falaciosos.


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